segunda-feira, outubro 31, 2005

Animação Surreal

Depois de A Viagem de Chihiro, Hayao Miyazaki presenteia-nos com mais uma viagem fantástica pelo seu universo em Howl's Moving Castle.

Da combinação de magia e mitos japoneses com o rural bucólico aliado ao futurismo tecnológico, Miyazaki consegue criar um mundo à parte de forma genial.

O bem e o mal não são propriamente as palavras-chave mais indicadas para este blog. Mas são-o universos alternativos e a mensagem anti-belicista que o filme deixa.

Só por curiosidade, a heroína é tal e qual a minha avó...

Lindo! A não perder.

The name is Burroughs

The name is Bill Burroughs. I am a writer. Let me tell you a few things about my job, what an assignment is like.

You hit Interzone with that grey anonymously ill-intentioned look all writers have.

“You crazy or something walk around alone? Me good guide. What you want Meester?”
“Well uh, I would like to write a bestseller that would be a good book, a book about real people and places…”
The guide stopped me. “That’s enough Mister. I don’t want to read your stinking book. That’s a job for the white reader.”



People ask what would lead me to write a book like Naked Lunch. One is slowly led along to write a book and this looked good, no trouble with the cast at all and that’s half the battle when you can find your characters. The more fare-out sex pieces I was just writing for my own amusement. I would put them away in an old attic trunk and leave them for a distant boy to find… “Why Ma this stuff is terrific – and I thought he was just an old book-of-the-month-club corn ball.”

Yes I was writing my bestseller… I finished it with a flourish, fading streets a distant sky, handed it to the publisher and stood there expectantly.


I like cool remote Sunday gardens set against a slate-blue mist, and for that set you need the Yankee dollar.


As a young child I wanted to be a writer because writers were rich and famous. They lounged around Singapore and Rangoon smoking opium in a yellow pongee silk suit. They sniffed cocaine in Mayfair and they penetrated forbidden swamps with a faithful native boy and lived in the native quarter of Tangier smoking hashish and languidly caressing a pet gazelle.

I can divide my literary production into sets: where, when and under what circumstances produced. The first set is a street of red brick three-story houses with slate roofs, lawns in front and large back yards. In our back yarn my father and the gardener, Otto Belue, tended a garden with roses, peonies, iris and a fish pond.

My first literary endeavor was called “The Autobiography of a Wolf”, written after reading The Biography of a Grizzly. In the end this poor old bear, his health failing, deserted by his mate, goes to a valley he knows is full of poison gas. “They called me the Grey Ghost… Spent most of my time shaking of the ranchers.” The Grey Ghost met death at the hands of a grizzly bear after seven pages, no doubt in revenge for plagiarism.

In this set I also wrote westerns, gangster stories, and haunted houses. I was quite sure that I wanted to be a writer.


When I was 12 we moved to a five-acre place on Price Road and I attended the John Burroughs School which is just down the road. This period was mostly crime and gangsters stories. I was fascinated by gangsters and like most boys at that time I wanted to be one because I would feel so much safer with my loyal guns around me.

I wrote at that time Edgar Allan Poe things, like old men in forgotten places, very flowery and sentimental too, and would that flavour of high school prose. I wrote bloody westerns too, and would leave enigmatic skeletons lying around in barns for me to muse over…

“Tom was quick but Joe was quicker. He turned the gun on is unfaithful wife and then upon himself, fell dead in a pool of blood and lay there drawing flies. The vultures came later… especially the eyes were alike. A dead blue opaqueness.” I wrote lot’s of hangings: “Hardened old sinner that we was, he still experienced a shudder as he looked back at the three bodies twisting on ropes, etched against the beautiful red sunset.” These stories were read aloud in class. I remember one story written by another boy who latter lost is mind, dementia praecox they called it: “The captain tried to swim but the water was too deep and he went down screaming ‘Help, help, I am drowning’”.

quinta-feira, outubro 27, 2005

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Clicar na foto

quarta-feira, outubro 26, 2005

How did this happen? How did Western civilization become a conspiracy against its members?


Na sua segunda trilogia (Citis of The Red Light; The Place of Dead Roads e The Western Lands) explora algumas das questões ligadas às teorias da conspiração, outro elemento que considero significativo na sua obra, explorando, muitas vezes no passado (antes da CIA ou do FBI, quando a identificação individual ainda não tinha sido criada – BI’s, impostos e outras tretas), lost sites of human possibility.

Identificou, imaginou, descreveu (contagiou) uma utopia num passado não muito distante (100/200 anos). Uma aventura magnífica com personagens fantásticas – Captain Mission, um pirata do século XVII que funda uma comunidade em Madagácar, apenas de homens, homossexuais, libertários. Um momento brilhante na sua obra.

Sim, B. tinha uma visão política e económica do mundo, ao contrário de outros elementos associados à Beat Generation.

É nesta sua última trilogia que estas questões são (aparentemente) mais visíveis. Colónias no terceiro mundo que se mobilizam (de uma forma peculiar) contra a escravatura e opressão a nível mundial.
A revolução por contágio. Mas que revolução (leiam!).

Tretas e Image-Junkies


Como Ginsberg ou Kerouac, Burroughs pretendeu escrever sobre a sua própria vida e morte, deixando um legado sobre a sua vida neste planeta (e noutros...). Segundo o próprio admitiu, havia um único personagem nas suas obras – ele próprio.

Mas não se enganem, a sua escrita não era autobiográfica no sentido a que estamos acostumados (ou como o era em Kerouac). Peguem nuns quantos traços individuais, numa centopeia, num enforcado, num pirata gay, em diversas teorias da conspiração, morfina, uma dose de genialidade pura e a coisa estará mais próxima.

Mas não vou muito por aí, nãosoupsicólogovoltemosàescrita,

The media extend to fabulous lengths man’s nervous system, his powers to record and receive, but without content themselves, cannibalizing the world they purportedly represent and ingesting those to whom they in theory report, like drugs inserted into a bodily system, they eventually replace the organism they feed – a hostile takeover in the style of The Invasion of the Body Snatchers. Instead of reality, we have the “reality studio”; instead of people, “person-impersonators” and image-junkies looking for a fix, with no aim save not to be shut out of the “reality film”.

Esta ideia influenciou e influencia um conjunto alargado de criadores (conheci algo parecido na “Sociedade do Espectáculo” de Debord). Mas B. acreditava numa contraofensiva a partir das próprias armas do inimigo (ver posts anteriores acerca da Revolução Electrónica).

Dá-lhe.

Entra aqui a técnica de “copy paste” que falei anteriormente, que influenciou algumas das suas obras (e que numa primeira leitura me fez pensar foda-seestegajoétarado) e conduziu ao fascínio por gravadores e câmaras de vídeo.

To speak is to lie – to live is to collaborate


Escapou da lei uma série de vezes, devido à sua posição social. Como Kerouac escreveu, it was visible at all times that he did not belong to the torturable classes.

Quem não o conhecia confundia-o com bancário ou mesmo um agente da CIA ou do FBI.

Afirmou uma vez que uma das razões que o levou a uma vida de aventura a solitária e dependências “was that a drug habit supplied the close-to-the-margin knowledge of emergency his confortable backgroud had forestalled. His aim was not to undertake slumming expeditions among is social inferiors but to use his wit and his mind to write his way out of his condition".

B. afirmou que após um olhar atento sobre o seu planeta, qualquer visitante de outro espaço diria “QUERO FALAR COM O GERENTE”. Mas este não é fácil de encontrar.

B. acreditava que a sua posição social funcionava a seu favor. Os revolucionários são sempre membros das classes dominantes, que apenas o inimigo pode aceder a informação secreta.
The insider is the best spy.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Lounge


Não sei se alguém aceitou a proposta indecente de quinta-feira. Se sim acho que assistiram a um bom concerto.

A sala é pequena, intimista, cheia de vida. Perfeita. Ficam algumas fotos (mais em
www.newconnection-music.com).





quinta-feira, outubro 20, 2005

música - três propostas (uma indecente)

Esta é a proposta indecente. Deixo o comentário do Blitz à minha banda e um convite a todos(as): apareçam no Lounge (Lisboa, Cais do Sodré, Rua da Moeda) no próximo sábado, 22 de Outubro, pelas 23h30. Entrada Gratuita.

If your a wizard then why do you wear glasses ponto de interrogação
Já que estamos numa de americanices, passem pelo site dos
Liars: batidas simples com cadências irregulares e ruidos rítmicos marcam o cenário a partir do qual as canções vão surgindo, rasgado consecutivamente por outros sons (vozes, um lápis, uma guitarra...), dissonantes. Aconselho uma audição do “They were wrong, so we drowned” (não, não é um comentário ao que se passou em New Orleans...).


O nome diz tudo: os músicos não se conhecem, nunca se encontraram. As gravações individuais foram enviadas da Bélgica, França, Itália, Japão, Espanha e Estados Unidos da América. A mistura foi feita "num pequeno quarto de Lisboa". O produto final merece a pena ser ouvido.
E já agora, visitem um Blog genial sobre música portuguesa, ATrompa.

sexu

B. sempre se considerou homossexual, considerando o sexo feminino em geral como um erro grotesco da natureza, uma conspiração biológica contra a independência e auto-expressão masculina. De facto nunca existiu uma mulher significativa na sua obra. Os seus personagens foram muitas vezes versões gays dos heróis clássicos (piratas, agentes secretos, ...).

B. via a homossexualidade como algo de significativamente subversivo ao status quo. De facto, haverá algo mais subversivo que a homossexualidade e a preguiça?

Mas adorou uma mulher, Joan, pela sua mente brilhante e pouco convencional. Nunca recuperou da sua morte (Joan morreu após ter sido alvejada por B., acidentalmente). O acidente marcou toda a sua obra. Mas não me apetece falar sobre isso... a não ser Joan’s death manoeuvred me into a lifelong struggle in which I had no choice but to write my way out.

Como afirmou, todas as suas relações intimas foram falhanços.

quarta-feira, outubro 19, 2005

This world is a penal colony and nobody is allowed to leave. Kill the guards and leave

When did I stop wanting to be President?” Burroughs once asked himself, and promptly answered, “At birth certainly, and perhaps before.”

B. não pode ser acusado de politicamente correcto. Nem de cínico (palavra que não uso com sentido depreciativo): “an antihero eye-deep in corruption, drugs and stoic insolence” a um nível como não conheço em nenhum outro escritor. Revolucionário a um nível demasiado profundo para ser levado a sério pelos controladores. Ele próprio, segundo as suas palavras, se excluia deste universo, confessando a Kerouac

I’m apparently some kind of agent from another planet, but I haven’t got my orders decoded yet”.

Começou nos anos 40 (sim, há sessenta anos) como membro fundador da Beat Generation, “the electric revolution in art and manners that kicked of the counterculture and introduced the hipster to mainstream America, a movement for which Jack Kerouac became the mythologizer, Allen Ginsberg the prophet, and Burroughs the theorist” (gosto de teóricos destes eheh).

Juntos desafiaram os diversos dogmas da sociedade moderna (e da américa respeitável em particular...).

Convidado em 1983 para a Academy and Institute of Arts and Letters, comentou: Twenty years ago they were saying I belonged in jail. Now they’re saying I belong in their club. I didn’t listen to them then, and I don’t listen to them now”.

Como já escrevi por aqui num destes dias, B. Fez parte de uma sociedade de elite. A sua figura e personalidade qualificaram-no como o mais impopular adolescente da cidade. O pai comparou-o a um cadáver andante (B. concordava, desconhecendo no entanto de quem seria o cadáver).

Já aí interessado em drogas, homossexualidade, (alter)arte, foi considerado aluno problemático em vários colégios de elite por onde passou – Los Alamos Ranch School, por exemplo, no Novo México, onde nasceram as bombas que viriam a destruir Hiroshima e Nagasaki e criaram a “the sick soul, sick unto death, of the atomic age”, uma das suas temáticas principais.

Cabuuuum Peace on Hearth blablamerdas

Em 1936 licencia-se em Harvard. No livro de curso um espaço em branco no lugar da sua fotografia (eheh).

Começa as suas inúmeras viagens por Viena. Conhece a realidade nazi, nunca esquece que o que Hitler fez foi legal.

Nos anos 40 avança no underworld (drogas, crime), que considera menos comprometedor que um “constant state of pretense and dissimulation required by any job that contributed to the status quo” (assim comómeu – pacificador social).

The history of the planet is a history of idiocy highlighted by a few morons who stand out as comparative geniuses.

Sultan of Sewers – Princípios para uma biografia


Vamos lá arrancar com isto. Confesso que estou ansioso com a coisa: a viagem pelo mundo de Burroughs (B.) vicia (entranha-se, alguém diria), absorve, alienia, consome. É um caminho essencialmente individual, que não procura chegar a lado nenhum em especial – é o próprio caminho que me interessa.


Começando pelo princípio, enquadrar o autor (“High Priest of Junk”, “Godfather of Punk”, “Gay Rights Pioneer”, “El Hombre Invisible”), apresentar alguns dados biográficos para melhor apreciar a sua obra (note-se, disse apreciar, não compreender...).

Não acho particularmente importante, não queria o elogio fácil do autor (apesar de pessoalmente o considerar admirável) antes da sua obra. Mas é importante perceber que o senhor, por exemplo, nasceu em 1914 (sim, 91 anos).

Baseio-me no livro “The William S. Burroughs reader – Word Virus”.

Cá vai (vamonos muxaxos):

help

Imagem: Bilal
Send some photos that you think could fit in this blog. I´ll post them next to my favourite Burroughs selections. And, of course, present the author.

Send them to
festimnu@gmail.com

Obrigado!!

An endangered forest of words, narcotics, memories and lessons. The trip is one not to be easily forgotten, full of fun and fury and feverish imaginings.
(Free Creation! You can send some words to – I´ll select the best viruses)

terça-feira, outubro 18, 2005

Apocalyptic, carnal and raw

Trouxe uma mala cheia de livros...

A coisa vai ser assim, vou seguir a lógica do “The William S. Burrougs reader – Word Virus”, e, nos próximos tempos, apresentar as seguintes obras:

- Junky
- Queer
- Naked Lunch
- The Soft Machine
- The ticket that exploded
- Nova Express
- The Burroughs File
- The Job
- The Wild Boys
- Exterminator
- Cities from the red night
- Western Lands
- The Cat Inside
- My Education: A book of dreams

Mais “Blade Runner, A Movie” e “Ghost of Chance”. Claro, acabo a passagem pela “Revolução Electrónica”.

Pelo meio, espero conseguir encontrar uns quantos que me faltam (isto já começa a soar a coleccionismo parolo...).

Isto não é uma homenagem

Há coisas que vêm mesmo a calhar... Começa-se um espaço dedicado ao imaginário Burroughs e, assim do nada, uma oportunidade de passar pela terra onde ele nasceu.

Apesar de me custar um pouco, não vou gastar (muito) tempo a cuspir no que o país tem de pior (não corresponde ao que pretendo com o blog).

A foto é do memorial à guerra no Vietnam (Washington).

sexta-feira, outubro 14, 2005

IX

Here is Mr. Hart, who wants to infect everyone with his own image and turn them all into himself, so he scrambles himself and dumps himself out in search of worthy vessels. If nobody else knows about scrambling techniques he might scramble himself quite a stable of replicas. but anybody can do it. So go on, scramble your sex words, and find suitable mates.

If you want to, scramble yourself out there, every stale joke, fart, chew, sneeze, and stomach rumble. If your trick no work you better run. Everybody doing it, they all scramble in together and the populations of the earth just better settle down a nice even brown colour. Scrambles is the democratic way, the way full cellular representation. Scrambles is the American way.

VIII


Imagine, for example a sex virus. it so inflames the sex centres in the back brain that the host is driven mad from sexuality, all other considerations are blacked out Parks full of naked, frenzied people, shitting, pissing, ejaculating, and screaming. So the virus could be malignant, blacking out all regulation and end in exhaustion, convulsions, and death.

Now let us attempt the same thing with tape. We organise a sex-tape festival. 100,000 people bring their scrambled sex tapes, and video tapes as well, to scramble in together. Projected on vast screens, muttering out over the crowd, sometimes it slows down, so that you see a few seconds, then scrambled again, then slow down, scramble. Soon it will scramble them all naked. The cops and the National Guard are stripping down. LET'S GET OURSELVES SOME CIVVIES. Now a thing like that could be messy, but those who survive it recover from the madness.

quinta-feira, outubro 13, 2005

VII

In 1968, with the help of Ian Sommerville and Anthony Balch, I took a short passage of my recorded voice and cut it into intervals of one twenty - fourth of a second movie tape (movie tape is larger and easier to splice)- and rearranged the order of the 24th second intervals of recorded speech.

As palavras originais ficam completamente ininteligíveis, mas novas palavras aparecem. A voz está lá sempre e podemos imediatamente identificar quem fala. O tom de voz também permanence.

If the tone is friendly, hostile, sexual, poetic, sarcastic lifeless, despairing, this will be apparent in the altered sequence.

quarta-feira, outubro 12, 2005

VI

"MY GOD, THEY'E KILLING US."

A guardsman said later: "I heard and saw my buddy go down, his face covered in blood (turned out he'd been hit by a stone from a sling shot) and I thought, well this is it." BLOODY WEDNESDAY. A DAZED AMERICA COUNTED 23 DEAD AND 32 WOUNDED, 6 CRITICALLY.

Eis uma situação de pré-motim perfeitamente banal. Pediu-se aos manifestantes que se mantivessem pacíficos, aos polícias e guardas que agissem com calma. Dez gravadores presos debaixo dos casacos com playback e gravação, controlados por distintivos na botoeira. Têm efeitos sonoros de motins pré-gravados em Chicago, Paris, Cidade do México, Kent/Ohio. Se ajustarem a altura da gravação de acordo com os níveis sonoros circundantes, passarão despercebidos. A polícia envolve-se em luta com os manifestantes. Os técnicos acorrem. Transmitem a gravação de Chicago, voltam a transmiti-la, passam aos motins seguintes, gravam, voltam a transmitir, continuam a movimentar-se.

As coisas estão a aquecer, está um bófia a gemer por terra. Um coro estridente de porcos e gemidos parodiados em gravação.

Could you cool a riot by recording the calmest cop and the most reasonable demonstrator? Maybe! However, it's a lot easier to start trouble that to stop it.

terça-feira, outubro 11, 2005

V

TO SPREAD RUMORS

Posicionem dez agentes com gravações cuidadosamente preparadas a transmiti-las à hora de ponta e vejam a velocidade a que as notícias se propagam. As pessoas não sabem onde as ouviram, mas ouviram-nas.


PARA DESACREDITAR ADVERSÁRIOS

Take a recorded Wallace speech, cut in stammering coughs sneezes hiccoughs snarls pain screams fear whimperings apoplectic sputterings slobbering drooling idiot noises sex and animal sound effects and play it back in the streets subway stations parks political rallies.


COMO ARMA DE PRIMEIRA LINHA PARA PRODUZIR E ATIÇAR MOTINS

Esta operação nada tem de místico. Os efeitos sonoros de um motim podem criar um motim verdadeiro em situação de tumulto. Apitos de polícia gravados atrairão os chuis. Disparos gravados e fá-los-á puxar pelas armas.

segunda-feira, outubro 10, 2005

IV

Um exemplo…

Let us suppose that our target is a rival politician. On tape recorder 1 we will record speeches and conversation carefully editing in stammers mispronouncing, inept phrases ... the worst number 1 can assemble.

No gravador 2 apresentamos uma gravação erótica obtida com microfones dissimulados no seu quarto. Podemos ampliar o efeito desta gravação inserindo-lhe um objecto sexual que seja inadmissível, por exemplo, a filha adolescente do senador.

On tape recorder 3 we will record hateful disapproving voices

E entrecortaremos as gravações juntamente com pauses muito breves entre elas, transmitindo-as em presence do senador e seus apoiantes.

This cutting and playback can be very complex involving speech scramblers and batteries of tape recorders but THE BASIC PRINCIPAL IS SIMPLY SPLICING SEX TAPE AND DISAPPROVAL TAPES IN TOGETHER.

So his teen age daughter crawls all over him while Texas rangers and decent church going women rise from tape recorder 3 screaming

"QUE É QUE O SENHOR ESTÁ A FAZER EM FRENTE DE GENTE DECENTE?”

sexta-feira, outubro 07, 2005

III


Façamos uma experiência com três gravadores.

Talvez tenhamos neles o vírus da mutação biológica que outrora nos deu a palavra e se tem ocultado por detrás da palavra desde então.

And perhaps three tape recorders and some good biochemists can unloose this force.
Now look at these three tape recorders and think in terms of the virus particle.
O gravador 1 é o hospedeiro potencial do vírus da gripe. O gravador 2 é o meio pelo qual o vírus obtém acesso ao hospedeiro, no caso do vírus da gripe, abrindo uma brecha nas células do aparelho respiratório. Uma vez que o número 2 tenha obtido acesso à célula, introduz aí o número 3.
Number 3 is the effect produced in the host by the virus: coughing, fever, inflamation.
NUMBER 3 IS OBJECTIVE REALITY PRODUCED BY THE VIRUS IN THE HOST .
Viruses make themselves real. It's a way viruses have.

Temos agora três gravadores. Vamos fazer um vírus da palavra.

quinta-feira, outubro 06, 2005

II


A palavra foi um vírus que provocou uma alteração biológica no hospedeiro, que foi depois transmitida geneticamente. Uma razão pela qual os macacos não falam é o facto das suas gargantas não estarem preparadas para formular palavras. Esta alteração na garganta foi provocada por um vírus.

This illness may well have had a high rate of mortality but some female apes must have survived to give birth to the wunder kindern. The illness perhaps assumed a more malignant form in the male because of his more developed and rigid muscular structure causing death through strangulation and vertebral fracture.

Uma vez que o vírus provoca um frenesim sexual no hospedeiro, os machos fecundaram as fêmeas nos seus espasmos de morte e a estrutura da garganta modificada foi transmitida geneticamente. Tendo provocado alterações na estrutura do hospedeiro que resultaram numa nova espécie, especialmente destinada a alojar o virus, o virus pode reproduzir-se sem afectar o metabolismo e sem ser reconhecido como vírus.

This successful virus can now sneer at gangster viruses like small pox and turn them in to The Pasteur Institute.

In the Electronic Revolution I advance the theory that a virus IS a very small unit of word and image. I have suggested now such units can be biologically activated to act as communicable virus strains.

... humano

(Foto: DeviantArt)

A palavra é um Vírus...

(Foto: DeviantArt)

terça-feira, outubro 04, 2005

I

(Foto: DeviatArt)
No princípio era a palavra…

In the beginning was the word and the word was god and has remained one of the mysteries ever since.
My basis theory is that the written word was literally a virus that made spoken word possible.
A palavra apenas não foi reconhecida como vírus uma vez que atingiu a simbiose com o hospedeiro...
'Viruses are obligatory cellular parasites and are thus wholly dependant upon the integrity of the cellular systems they parasitize for their survival in an active state. It is something of a paradox that many viruses ultimately destroy the cells in which they are living..."
A situação ideal (do ponto de vista de um vírus…) seria aquela em que este se replicaria nas células sem afectar o seu normal metabolismo.
This has been suggested as the ideal biological situation toward which all viruses are slowly evolving...'

Abrindo caminho


Let the show begin...

Alguns passos mais, on the road to Interzone.

Sigam os números. Follow the numbers.

Se preferirem...

Os excertos que se seguem são retirados de A Revolução Electrónica, de Burroughs.

Bio II


Já devem ter reparado que que William S. Burroughs me diz qualquer coisa. Deixo hoje algumas notas biográficas.

Nasceu em St. Louis em 1914. Ao contrário de Kerouac, as origens de Burroughs permitiram-lhe crescer em condições consideravelmente confortáveis. Frequentou Harvard tendo-se formado em 1936.

A sua escrita relatou as suas (longas e diversificadas) experiências com narcóticos, misturadas num ambiente homoerótico (às vezes dá jeito criar umas palavras novas).

Correu mundo, passando pelo Continente Sul Americano, África e Europa, experimentando drogas e recolhendo material para futuras obras.

Kerouac utilizava a escrita automática (o nome diz tudo), Burroughs a colagem (que muitos consideram pretensiosa e confusa – Enganam-se). Os seus universos, espelhados em obras como Naked Lunch, atingiram níveis de loucura poucas vezes encontrados e o autor constitui a essência do que caracteriza um artista de culto.

Entre os que desconsideram a sua escrita e/ou a criticam por explorar a temática das drogas e por ser imoral (não é o tom do Blog, mas vão-se lixar mais à vossa moral) e os que o admiram pela sua escrita, eu considero-o o expoente máximo da criação na escrita, em que autor e obra se confundem e transcendem em algo completamente novo – a criação novamente.

Nos próximos dias irei abordar algumas “manias” do autor.
Kim has never doubted the possibility of an afterlife or the existence of gods. In fact he intends to become a god, to shoot his way to immortality, to invent his way, to write his way. He has a number of patents: the Carsons spring knife, an extension of the spring blackjack principle; a cartridge in which the case becomes the projectile; an air gun in which air is compressed by a small powder charge; a magnetic gunin which propulsion is effected by compressing a reversed magnetic field. "Whenever you use this bow I will be there," the Zen archery master tells his students. And he means there quite literally. He lives in his students and thus achieves a measure of immortality. And the immortality of a writer is to be taken literally. Whenever anyone reads his words the writer is there. He lives in his readers. So every time someone neatly guts his opponent with my spring knife or slices off two heads with one swipe of my spring sword I am there to drink the blood and smell the fresh entrails as they slop out with a divine squishy sound. I am there when the case bullet tbuds home-right in the stomach ... what a lovely grunt! And my saga will shine in the eyes of adolescents squinting through gunsmoke.
Kapow! Kapow! Kapow!
(The Place of Dead Roads)

segunda-feira, outubro 03, 2005

Universo Bilal


Identifico-me com ele: paisagens imaginárias (mas possíveis), cínico, pessimista, político, crítico, contraacorrente.

Sandra

Um blog é sempre algo de pessoal...

Gostaria então de divulgar um projecto do qual faz parte uma amiga (e companheira de palco), sandra, que dá nome à banda: sem muitos ensaios, o trio (clarinete, guitarra, voz+qqcoisaparecidacombateria) produz uma sonoridade espontânea, muito própria.

Consultem o site e ouçam os mp3 disponíveis.


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Bomba Suicida


Ontem passei por lá para ver mais um Sunday Show, desta vez com o tema "Made in China". Vale a pena, um espaço de criação por excelência.
Visitem o site. Passem por lá.
Deixo um pequeno enquadramento:
"A bomba suicida é uma associação fundada em 1997 por diversos artistas com trabalho regular na área da dança. Desde essa altura que tem realizado diversos espectáculos em Portugal e no estrangeiro e em 2001 conseguiu, num esforço conjunto entre os seus associados, alugar um estúdio e escritório em Lisboa. Esse espaço permitiu-lhe, não só ter um local de base para as suas actividades, mas também convidar outros artistas a apresentar espectáculos e mostras informais como o sunday show, bomba plástica, bomba take, bomba unplugged e bomba ecrã de prata. Fazem parte da bomba suicida Catarina Pereira, Clara Sena, Filipe Viegas, Ivo Serra, Luís Graça, Mônica Coteriano, Nuno Branco, Paulo Brás e Tânia Carvalho."

" Um turbilhão de ideias invadia-os e incendiava-lhes o pavio da criação. Era ávida a necessidade de experimentar novas formas de expressão artística. As artes do corpo eram uma forte motivação aliadas à possibilidade de novos projectos no campo da dança. Assim surge a companhia de dança Bomba Suicida, traduzida numa mescla de pessoas que pretendem compor, experimentar, criar e produzir. Enfim levar a cabo o mais diverso número de projectos na área da Dança, performance, vídeo, instalação. "
Elsa Garcia, in Revista Umbigo nº1 2002