quarta-feira, outubro 26, 2005

Tretas e Image-Junkies


Como Ginsberg ou Kerouac, Burroughs pretendeu escrever sobre a sua própria vida e morte, deixando um legado sobre a sua vida neste planeta (e noutros...). Segundo o próprio admitiu, havia um único personagem nas suas obras – ele próprio.

Mas não se enganem, a sua escrita não era autobiográfica no sentido a que estamos acostumados (ou como o era em Kerouac). Peguem nuns quantos traços individuais, numa centopeia, num enforcado, num pirata gay, em diversas teorias da conspiração, morfina, uma dose de genialidade pura e a coisa estará mais próxima.

Mas não vou muito por aí, nãosoupsicólogovoltemosàescrita,

The media extend to fabulous lengths man’s nervous system, his powers to record and receive, but without content themselves, cannibalizing the world they purportedly represent and ingesting those to whom they in theory report, like drugs inserted into a bodily system, they eventually replace the organism they feed – a hostile takeover in the style of The Invasion of the Body Snatchers. Instead of reality, we have the “reality studio”; instead of people, “person-impersonators” and image-junkies looking for a fix, with no aim save not to be shut out of the “reality film”.

Esta ideia influenciou e influencia um conjunto alargado de criadores (conheci algo parecido na “Sociedade do Espectáculo” de Debord). Mas B. acreditava numa contraofensiva a partir das próprias armas do inimigo (ver posts anteriores acerca da Revolução Electrónica).

Dá-lhe.

Entra aqui a técnica de “copy paste” que falei anteriormente, que influenciou algumas das suas obras (e que numa primeira leitura me fez pensar foda-seestegajoétarado) e conduziu ao fascínio por gravadores e câmaras de vídeo.

2 Comments:

Blogger PR said...

sou um fã de kerouac, mas enquanto personagem, não como autor.

5:38 da tarde  
Blogger Naked Lunch said...

Como autor também não é de ignorar (apesar de concordar contigo...). Não me identifico tanto com a fase mais mística mas tem algumas passagens de escrita automática com piada.

Mas sem dúvida, valeu pelo que viveu e pela sua influência (directa ou indirecta) sobre um conjunto alargado de artistas de áreas muito distintas.

Gostei do teu blog. Vai aparecendo.

9:45 da manhã  

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