quinta-feira, fevereiro 16, 2006

estou com a mosca - kafka

foto: alana

kafka estava enganado. a sua metamorfose produziu um ser detestável. não é uma vítima. saí. O mickey da quinta pedagógica não ladra (deve estar a dormir). está frio. no metro, mais de metade são casca grossas.

sinto as pernas cada vez mais pesadas. o pescoço imóvel. as articulações. dá-me jeito… a tocar bateria sou uma orquestra de percussão latina… cling crack cranc la gaffe e maltese cada vez mais lá ao fundo, com ar reprovador…

6 Comments:

Blogger merdinhas said...

cling crack cranc... as portas a abrir e a fechar e os casca grossa do metro da linha vermelha.

10:21 da manhã  
Blogger merdinhas said...

Depois (ainda não está lá) vê a curta que vou postar como filme ...espero que te "desmetaforize" um bocadinho, porque me parece bastante divertida.

10:22 da manhã  
Blogger Naked Lunch said...

fantástico o teu post! grande abraço

4:41 da tarde  
Blogger CS said...

Nada disso. O mosca esteve na cama, era alimentado e tinha todas as mordomias que têm os bébés chorões. Acima de tudo, era inimputável. Depois, como era feio, afastava os "pain in the ass", o que é uma grande vantagem nos dias que correm.

Aconselho-te a comprar o compêndio "Kafka interpretado com questões práticas resolvidas para o 2.º ciclo do ensino básico". Vais ver que consegues!

10:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Kafaka, moscas, insectos... Isto mostra um grande grau de insatisfação em relação ao mudo que nos rodeia. É como ouvir dead Can Dance com luz electrica e sentirmo-nos banhados por uma grande sensação de liberdade. Tipo 25 de Abril. Tipo vão-se mas é todos foder.

Se Kafka vivesse em Portugal estaria provavelmente a trabalhar num sítio insípido, com muita gente parva à volta e a pensar como é que pessoas que vivem num mundo com tão belas prais, Troia por exemplo, estavam ali a fazer a trabalhar com ele. E voltava, de certeza, a sentir as asas que estão agarradas ao corpo dele a prender sufocantemente e a não o deixar voar.

Depois, Kafaka, invariavelmente, deixar-se-ia apaixonar por uma bela portuguesa. Já que existem tantas. Mas que são tão tímidas... Só as portuguesas feias é que são umas dadas, umas putas? Custa-me um bocado a acreditar nisso, mas não posso não acreditar na realidade que me circunda. Todos os dias.

E depois, com o sabor do vinho e com a respiração pesada de tantos cigarros, voltaria à sua casa e pensaria naquela bela portuguesa que não há meio de lhe sair da cabeça e ficaria muito tempo a pensar nela até que as asas finalmente se descolassem das suas costas e ficassem disponíveis para novos voos. Coisa que Kafka não julgaria possível de acontecer. E Kafka raramente se engana, qual Cavaco Silva cheio de espírito e clarividência.

Será que a simples paixão é suficiente para se morrer em vão? É o que Kafka estaria a pensar enquanto sentia as palpebras cada vez mais pesadas, por causa do vinho, por causa do vinho. E o adormecer para Kafka seria doce, ao som das asas de tantos insectos. Dentro de sua casa e fora dela.

Depois Kafka acordaria a pensar se ainda estava neste mundo. Até sair de sua casa a incerteza mantinha-se numa espécie de consolo e aspiração boa que se desfazia no preciso momento em que entrava no café do seu bairro para tomar o primeiro café do dia. A senhora do café falava com ele e ele sentia-se a cair. De início, sem saber muito bem para onde caía, mas depois dava-se conta que a aparar a sua queda estava um país, estranho, que se chama Portugal.

Sim, Naked Lunch, sou o anónimo do "Não suporto".

9:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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12:39 da tarde  

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