Der Himmel Über Berlim
Entre outras coisas, “As Asas do Desejo” é o filme que me fez ir a Berlim (a cidade inacabada...). Subir à estátua do anjo dourado soou a reencontro. Adoro este filme. Adiante,
Céu... olho... cidade... a preto e branco... o anjo escuta pensamentos lá em baixo, sobre a catedral destruída... música... harpa... pensamentos... arquitectura... interiores... intimidade... perguntas de criança...
Céu... olho... cidade... a preto e branco... o anjo escuta pensamentos lá em baixo, sobre a catedral destruída... música... harpa... pensamentos... arquitectura... interiores... intimidade... perguntas de criança...
Desabafos de anjo...
“É fantático viver espiritualmente. Dia após dia tentemunhar para a eternidade o que há de puro, de espiritual nas pessoas. Mas às vezes farto-me desta eterna existência de espírito. Nessas alturas gostava de não pairar eternamente. Gostaria de sentir um peso que anulasse a infinidade e me segurasse à Terra. A cada passo ou a cada golpe de vento gostaria de poder dizer: “agora, agora, agora” e não “desde sempre” ou “para todo o sempre”. Sentar-me à mesa e jogar às cartas, ser cumprimentado, nem que seja só com um aceno. Sempre que o fizemos foi a fingir. Fingimos que numa luta de boxe deslocávamos uma anca. Fingimos que pescávamos, fingimos que nos sentávamos numa mesa a comer e a beber, que nos serviam borrego assado e vinho nas tendas do deserto. Era tudo a fingir. Eu não quero gerar um filho, nem plantar uma árvore, mas seria bem agradável chegar a casa cansado e dar de comer ao gato, como Philipp Marlow, ter febre, ficar com os dedos sujos de ter lido o jornal... Não me entusiasmar só com coisas do espírito, mas com uma refeição, a curva de uma nuca, uma orelha. Mentir à descarada. Ao andar, sentir o esqueleto mexer-se a cada passo. E finalmente supor em vez de saber sempre tudo. Poder dizer “ah”, “oh” e “ai” em vez de “sim” e “amen”. Ou experimentar o que se sente quando se tiram os sapatos debaixo da mesa e se estendem os dedos descalços...”
Marion
No circo uma mulher (Marion), anjo no trapésio. Queixa-se , não consegue voar com aquelas asas... Por este ano o circo acabou... Esta noite a despedida de Marion do circo... vai voltar a ser criada “que merda”. Um disco de Nick Cave na caravana. Fotos. Passado. Despe-se. O anjo parece desejá-la. Toca-lhe. “Desejo de amar. Desejo de amor”. A cor volta. Damiel, o anjo apaixonado...
A queda de um anjo
Preto e branco...Está sentado na estátua do anjo dourado. Lamenta-se...
Pensamentos sobre berlim. Peter Falk nas filmagens... “A vida? Se não a tivesse sentia falta dela, disse o general à prostituta.”
“Queres realmente?”, “Quero lutar por uma história minha. Transformar o que sei da minha contemplação intemporal para resistir a um olhar brusco, a um grito breve, a um cheiro penetrante. Ando cá fora há tempo suficiente para isso. Estive ausente o suficiente do mundo. Quero entrar para a história do mundo.Ou apenas segurar numa maçã. As penas na água já desapareceram. Repara nas marcas de travagem no asfalto. E a ponta de cigarro. Como rola. O rio antigo está seco. Hoje, só a água das poças da chuva estremece. Fora com o mundo atrás do mundo.”
Suicídio, pobreza, desespero... a última noite de marion no circo.
Um concerto numa cave de Berlim... Crime and the City Solution (se não conhecem, imaginem os primeiros discos de Nick Cave, é muito por aí...). Uma Marion vanguarda deixa-se levar pelo som. Damiel embala-a. Marion de novo feliz.
Dentro do muro (sempre ele), pegadas de Damiel, cor, Damiel torna-se humano, as primeiras palavras são para Marion. Acorda ao lado da antiga armadura, sorri. Percorre o muro. O primeiro sabor: sangue de um corte na cabeça. Identifica a cor que não conhece. O primeiro café. Conversa com Peter Falk, outro anjo caído... “não és o único”.
O primeiro concerto enquanto homem (cabrão...) Nick Cave (tão novinho...). Uma sala opolenta e decadente (ao estilo Bilal). Marion de vermelho. Nick Cave (From Her to Eternity). Encontram-se. Parece que sempre se conheceram. Ele quer beijá-la. “Algum dia tem de ser a sério”. “Nós somos agora o tempo”. “Estou pronta, decide.” Beijam-se.
“Eu sei agora o que nenhum anjo sabe...”
No circo uma mulher (Marion), anjo no trapésio. Queixa-se , não consegue voar com aquelas asas... Por este ano o circo acabou... Esta noite a despedida de Marion do circo... vai voltar a ser criada “que merda”. Um disco de Nick Cave na caravana. Fotos. Passado. Despe-se. O anjo parece desejá-la. Toca-lhe. “Desejo de amar. Desejo de amor”. A cor volta. Damiel, o anjo apaixonado...
A queda de um anjo
Preto e branco...Está sentado na estátua do anjo dourado. Lamenta-se...
Pensamentos sobre berlim. Peter Falk nas filmagens... “A vida? Se não a tivesse sentia falta dela, disse o general à prostituta.”
“Queres realmente?”, “Quero lutar por uma história minha. Transformar o que sei da minha contemplação intemporal para resistir a um olhar brusco, a um grito breve, a um cheiro penetrante. Ando cá fora há tempo suficiente para isso. Estive ausente o suficiente do mundo. Quero entrar para a história do mundo.Ou apenas segurar numa maçã. As penas na água já desapareceram. Repara nas marcas de travagem no asfalto. E a ponta de cigarro. Como rola. O rio antigo está seco. Hoje, só a água das poças da chuva estremece. Fora com o mundo atrás do mundo.”
Suicídio, pobreza, desespero... a última noite de marion no circo.
Um concerto numa cave de Berlim... Crime and the City Solution (se não conhecem, imaginem os primeiros discos de Nick Cave, é muito por aí...). Uma Marion vanguarda deixa-se levar pelo som. Damiel embala-a. Marion de novo feliz.
Dentro do muro (sempre ele), pegadas de Damiel, cor, Damiel torna-se humano, as primeiras palavras são para Marion. Acorda ao lado da antiga armadura, sorri. Percorre o muro. O primeiro sabor: sangue de um corte na cabeça. Identifica a cor que não conhece. O primeiro café. Conversa com Peter Falk, outro anjo caído... “não és o único”.
O primeiro concerto enquanto homem (cabrão...) Nick Cave (tão novinho...). Uma sala opolenta e decadente (ao estilo Bilal). Marion de vermelho. Nick Cave (From Her to Eternity). Encontram-se. Parece que sempre se conheceram. Ele quer beijá-la. “Algum dia tem de ser a sério”. “Nós somos agora o tempo”. “Estou pronta, decide.” Beijam-se.
“Eu sei agora o que nenhum anjo sabe...”
Uma pérola!
Poderia considerar a antítese deste blog, um salto ao contrário, do imaginário para o real, sem cair de costas.
13 Comments:
Este filme é lindoooooooooooooo
Não julgo que seja antítese. Vejo como o imaginário a invadir o real...para o vir buscar e não para se tornar nele.
... concordo, não tinha pensado nessa perspectiva. Resolves-me um problema ético... (não sabia de facto se faria sentido aqui no blog, mas é um filme especial)
adoro o filme. e não achei piada nenhumaa que os americanos o recriassem com o city of angels.
http://www.thenosmokingorchestra.com/
Como é que seria este filme com uma banda sonora do Kusturika???
que grande maneira de apresentar um filme!:)
City of Angels? Acho que não conheço...
Gosto muito do Kusturika (vi-o ao vivo, é uma festa...) mas neste filme seria demasiado festivo. Os primeiros e mui melancólicos registos de Nick Cave adequam-me melhor.
Um realizador que explora muito e muito bem a música nos seus filmes...
Amie, obrigado (e obrigado, já vi os mails). Amanhã não percas (eheheh).
Sendo este o 1º dos 5 que te propões apresentar, só estou para ver os restantes. Este desconheço na totalidade, mas fica registado.
Tás á vontade para falar de Burroughs seempre, o energumeno merece essa honra!!! Encontrei agora 1ª edição de "A Revoução Electrónica".
Abraço Vagabundo
Esse livro é marado... já por aqui falei dele.
Abraço.
City of Angels dos americanos?? Não é um filme com o Nicolas Cage?
não sei...
É com o Nicolas Cage e a Meg Ryan e é tão mauzinho! - http://www.imdb.com/title/tt0120632/
Quando o vi nem sabia que pretendia ser uma espécie de remake do fabuloso "As Asas do Desejo". Falta-lhe tudo.
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